4 de janeiro de 2008

Álcool e Violência


Álcool e drogas entre homicidas e suas vítimas

O número de homicídios é considerado como o melhor indicador internacional para dimensionar a violência em qualquer parte do planeta. Dados do censo do ano 2000, obtidos pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostraram que as mortes por causas violentas naquele ano somaram 14,5% do total dos óbitos, sendo a terceira causa de mortalidade nacional. Também em 2000, os assassinatos representaram 38,3% dos óbitos por causas externas.

Uma pesquisa realizada em condenados por homicídio em Pereira, na Colômbia, encontrou importante porcentagem de consumo de substâncias, ou seja, 35,9% dos homicidas estavam sob efeito de álcool, à época dos fatos, e 24% das vítimas haviam consumido alguma substância (73% álcool e 27% cocaína).

Na cidade de Curitiba, foram estudados 130 processos de homicídio julgados nos Tribunais do Júri daquele Estado, e os resultados apontaram para 58,9% dos homicidas e 53,6% das vítimas sob efeito do álcool à época do delito.

Hunt et al. estudaram a prevalência de doença mental em 2.662 homicidas, de diferentes idades, da Inglaterra e País de Gales. Os autores concluíram que o abuso de álcool é comum entre homicidas de todas as idades, mas mais provável entre a população acima dos 50 anos. Já o abuso de drogas é mais comum na população mais jovem.

Gawryszewski et al. analisaram os dados das vítimas de homicídio residentes no município de São Paulo. Foram encontrados 42,5% de uso de álcool e 0,7% de uso de cocaína entre aqueles que tiveram o exame toxicológico realizado. Houve predomínio de homens (93,2%), jovens, vítimas de arma de fogo (88,6%), sendo a cabeça o local mais atingido (68,9%). Foram encontrados valores significativamente maiores de álcool em homens do que em vítimas mulheres.

Em outro estudo de vítimas fatais, na região metropolitana de São Paulo, foi encontrada alcoolemia positiva em 48,3% destas. Os índices variaram de 36,2% nos suicidas a 64,1% nas vítimas de afogamento.

Uma pesquisa realizada em vítimas não fatais, de diferentes causas externas, em um centro de atenção ao trauma no município de São Paulo, detectou alcoolemia positiva em 28,9% dos casos, sendo as maiores prevalências entre homens, jovens, vítimas de agressão.

Álcool e violência doméstica

A incidência de violência doméstica tem sido considerada maior em abusadores de substâncias psicoativas na maioria das sociedades e culturas, estando presente nos diferentes grupos econômicos. Um estudo transversal de violência doméstica, no qual foram entrevistadas 384 mulheres casadas, de diferentes classes sociais, em uma cidade do México, encontrou uma prevalência de 42% de violência sexual, 40% de violência física e 38% de violência emocional. A pesquisa evidenciou que antecedentes de violência e uso de álcool ou outras drogas em algum membro da família são fatores observados consistentemente nas três dimensões exploradas.
Fernando Espí, estudando a relação entre consumo de álcool e violência doméstica na região de Murcia, Espanha, encontrou história de consumo de álcool em 60% dos casos de violência doméstica estudados. O autor considerou o consumo desta substância como um fator indutor de agressividade e violência. Mulheres cujos companheiros são usuários de álcool apresentaram maior risco de sofrer maus tratos.

Extraído do artigo “Álcool, drogas e crime.” – Revista Brasileira de Psiquiatria.
(Conheça o artigo clicando aqui)

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