10 de dezembro de 2007

O Álcool e o Trauma


Trânsito: abuso e dependência do álcool

O álcool foi identificado nas vítimas pelo grau de alcoolemia no momento da autópsia e também comprovado no lugar dos fatos, pois uma proporção significativa dos eventos se deu em bares, festas ou reuniões ou adjacências. A dependência de álcool acomete de 10% a 12% da população mundial e 11,2% dos brasileiros que vivem nas 107 maiores cidades do país, segundo levantamento domiciliar sobre o uso de drogas. Ao lado da dependência de tabaco, é a que recebe maior atenção dos pesquisadores. Muitas características, como gênero, etnia, idade, ocupação, grau de instrução e estado civil podem influenciar o uso nocivo de álcool, bem como o desenvolvimento da dependência dele.

A incidência de alcoolismo é maior entre homens do que entre mulheres. O mesmo se repete entre os mais jovens, especialmente na faixa dos 18 aos 29 anos, declinando com a idade.

Os dados citados acima estão em consonância com pesquisas conduzidas no Brasil: o álcool é responsável por cerca de 60% dos acidentes de trânsito e aparece em 70% dos laudos cadavéricos das mortes violentas. De acordo com a última pesquisa realizada pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) entre estudantes do 1º e 2º graus de 10 capitais brasileiras, as bebidas alcoólicas são consumidas por mais de 65% dos entrevistados, estando bem à frente do tabaco. Dentre esses, 50% iniciaram o uso entre os 10 e 12 anos de idade. Evidências a partir de registros populacionais e de revisões sistemáticas de estudos de coorte e caso-controle mostram que qualquer dose de bebida alcoólica, por menor que ela seja, aumenta o risco de morte entre adolescentes e adultos jovens. Com o aumento da dose de bebida consumida, a mortalidade por todas as causas também aumenta entre a faixa etária de 16 a 34 anos de idade, tanto entre mulheres como entre homens. Para mulheres e homens mais velhos o consumo de doses menores de bebida está associado a uma menor mortalidade quando comparado com as pessoas da mesma idade que não bebem, ou bebem em maior quantidade. Os benefícios de sobrevida associados ao álcool devem-se à redução da morbimortalidade por doenças cardiovasculares. Os valores foram calculados tomando-se como base as informações coletadas na Inglaterra e País de Gales, no ano de 1997; em países como o Brasil, onde a mortalidade por doença cardiovascular é menor do que no Reino Unido, é provável que as doses de baixo risco sejam ainda menores.

Alguns dados:

>Cerca de 9,8% da população brasileira – 180 milhões (IBGE, junho de 2004) – bebe em demasia. Isso significa que aproximadamente 18 milhões de pessoas são alcoolistas.
>Um quinto dos traumas no trabalho são provocados pelo álcool, cerca de 300.000 pessoas incapacitadas temporariamente e 100.000 permanentemente.
>A relação álcool-rolante que revela a faceta mais cruel deste problema: cerca de 80% dos desastres com vítimas fatais nas ruas e estradas de nosso país existe um motorista alcoolizado envolvido. O Brasil esta no topo da lista de países com o maior número de desastres de trânsito do mundo.
>Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, 70% a 80% da população fazem uso de bebida com álcool.
>Mais de 30% já têm problemas de saúde devidos ao álcool e 10%, problemas graves, considerados como dependentes e adictos.
>O relatório sobre o uso de drogas divulgado pela OMS em março de 2004, mostrou que, apesar de o consumo por adulto/ano de álcool puro ser menor no Brasil que nos EUA (8,6 litros contra 9,7 litros dos americanos), aqui o padrão é abusivo e/ou nocivo.

Álcool e drogas em vítimas de causas externas

Os resultados de uma pesquisa feita entre julho de 1998 e agosto de 1999 sobre a incidência do uso de álcool e drogas (cocaína, canabinóides e anfetamínicos) nas vítimas atendidas por causa externa, que deram entrada no Pronto-Socorro Central (PSC) do Hospital das Clínicas da FMUSP, confirmam o que se sabe: o álcool é o gatilho primário da violência no trânsito e dos homicídios (Greve, 1999).


Extraído do Projeto Trauma 2005-2025 – Sociedade, violência e trauma
(Conheça o projeto clicando aqui)

Um comentário:

MLR disse...

FANTÁSTICOOOOOOO...
Colocação perfeita!