29 de setembro de 2007

Parada cardiorrespiratória associada com o trauma



O suporte básico e avançado de vida para a vítima de trauma é, fundamentalmente, o mesmo do que para um paciente com parada cardíaca primária. Os procedimentos mantêm o foco sobre o suporte as vias aéreas, ventilação e circulação. Na ressuscitação no trauma os provedores de saúde executam o exame primário (avaliação inicial), com uma rápida avaliação e estabilização das vias aéreas, ventilação e circulação. Caso haja tempo, é realizado um exame secundário (história direcionada e exame físico detalhado), o qual detecta lesões mais sutis, mas potencialmente letais.

Na parada cardiorrespiratória (PCR) associada com o trauma, identificar as possíveis causas que levaram à PCR é tão importante quanto os procedimentos de ressuscitação. A deterioração cardiopulmonar associada ao trauma possui diversas possibilidades de causas:

- Hipóxia secundária à parada respiratória, obstrução das vias aéreas, pneumotórax aberto, lesão traquiobronquial ou tóracoabdominal.

- Lesões em estruturas vitais, como por exemplo, coração, aorta ou artérias pulmonares.

- Traumatismo craniencefálico severo com colapso cardiovascular secundário.

- Problemas médicos subjacentes ou outras circunstâncias que conduziram à lesão, como uma parada cardíaca súbita. Por exemplo, fibrilação ventricular em um condutor de um veículo automotor ou uma vítima de eletrocussão.

- Diminuição do débito cardíaco ou uma arritmia sem pulso (atividade elétrica sem pulso [AESP] oriunda de um pneumotórax hipertensivo ou um tamponamento pericárdico).

- Perda de sangue excessiva levando à hipovolemia e diminuição da oferta de oxigênio.

Os ritmos cardíacos terminais mais comumente observados em vítimas de trauma são AESP, ritmos de bradiassistolia e ocasionalmente fibrilação e taquicardia ventricular (FV/TV). O tratamento da AESP requer ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e identificação e tratamento das causas reversíveis (hipovolemia, hipotermia, tamponamento pericárdico ou pneumotórax hipertensivo). O desenvolvimento de ritmos bradiassistólicos, na maioria das vezes, indica a presença de severa hipovolemia, hipoxemia ou falência cardiorrespiratória. Uma ressuscitação bem sucedida no trauma, freqüentemente, depende de uma restauração adequada do volume circulante.

A avaliação de alguns estudos demonstram que apesar de uma rápida resposta do sistema de atendimento pré-hospitalar e do centro de trauma, vítimas em ambiente pré-hospitalar com parada cardíaca devido ao trauma raramente sobrevivem(1-2). Os pacientes com os melhores resultados de sobrevivência da PCR por trauma são, geralmente, jovens, possuem lesões penetrantes tratáveis, receberam intubação endotraqueal precoce (pré-hospitalar) e são transportados, em 10 minutos ou menos, para um centro de trauma facilitador(1-3). No trauma contuso (em ambiente pré-hospitalar) a parada cardiorrespiratória é fatal em todos os grupos de idades(4-5).

(Por Paulo Pepulim)

Bibliografia

1.Copass MK, Oreskovich MR, Bladergroen MR, Carrico CJ. Prehospital cardiopulmonary resuscitation of the critically injured patient. Am J Surg. 1984;148:20 –26.

2. Durham LA III, Richardson RJ, Wall MJ Jr, Pepe PE, Mattox KL. Emergency center thoracotomy: impact of prehospital resuscitation. J Trauma. 1992;32:775–779.

3. Schmidt U, Frame SB, Nerlich ML, Rowe DW, Enderson BL, Maull KI, Tscherne H. On-scene helicopter transport of patients with multiple injuries — comparison of a German and an American system. J Trauma. 1992;33:548 –553.

4. Rosemurgy AS, Norris PA, Olson SM, Hurst JM, Albrink MH. Prehospital traumatic cardiac arrest: the cost of futility. J Trauma. 1993;35:468–473.

5.Hazinski MF, Chahine AA, Holcomb GW III, Morris JA Jr. Outcome of cardiovascular collapse in pediatric blunt trauma. Ann Emerg Med. 1994;23:1229 –1235.

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